sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Há sempre uma boa desculpa


Ao ver a foto lembrei de uma pequena cronica publicada no livro FEBEAPÁ 1 ( 1ºFestival de Besteira que Assola o País) de Stanislaw Ponte Preta, onde é possível encontrar uma boa desculpa para permanecer sentado no ônibus, é o famoso jeitinho brasileiro.
O HOMEM DAS NÁDEGAS FRIAS
A historinha que vai contada abaixo, naquele estilo literário que fez de Stanislaw Ponte Preta um escritor de importância transcendental, é absolutamente verdadeira e a par de ser jocosa serve para provar que na época hodierna a mulher está tão desacostumada ao cavalheirismo que engrossa a toda hora, por falta de treino.
A pessoa que foi testemunha do episódio merece todo crédito e garante que aconteceu no interior de um desses ônibus elétricos que a irreverência popular apelidou de chifrudo. O ônibus vinha lotado e, corno acontece com tanta freqüência, com vários passageiros em pé. Antigamente quando havia passageiro em pé, era tudo homem, porque a delicadeza mandava que os cavalheiros cedessem seus lugares às damas. Hoje, porém, é na base do chega-pra-lá.
Vai daí, havia um senhor que estava sentado distraidamente lendo o seu jornal e nem percebeu. que havia em pé ao seu lado, uma jovem senhora dessas que não são nem de capelão largar batina, nem de mandar dizer que não está. Em suma: uma mulher bastante razoável.
O senhor acabou de ler o seu jornal, dobrou-o e aquela espiada em volta, ocasião em que percebeu a distinta viajando em pé, ao seu lado. Devia ser um cavalheiro de conservar hábitos d’antanho porque, imediatamente, levantou-se e disse pra dona:
— Faça o obséquio de sentar-se, minha senhora.
Seu ato não parecia esconder segundas intenções, tão
espontâneo ele foi. Mas, se o cavalheiro era antigão, a mada­ma era moderninha. Achou logo que o senhor estava querendo fazer hora com ela e, desacostumada ao gesto delicado, torceu o nariz e falou:
— Muito obrigada, mas eu não sento em lugar quente. Houve risinho esparso pelo ônibus e comentários velados  o que deixaria o senhor com cara de tacho, não fosse ele — conforme ficou provado – pessoa de muita presença de espírito.
Notando que todos o olhavam como se ele fosse um palhaço, o gentil, passageiro voltou a sentar-se e disse, no mesmo tom de voz da grosseira passageira, isto é, naquele tom de voz que despertara a atenção geral:
Sinto muito que o lugar esteja quente, minha senhora  Mas não existe nenhum processo que nos permita carregar uma. geladeira no rabo.
Aliás, ele não disse rabo. Ele disse mesmo foi bunda.

Um comentário:

  1. Boa tarde:

    Engraçado essa situação ser gentil (pelo menos tentar) acabou em bate boca ,eta ignorância !!!

    ResponderExcluir